sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Design & Arquitetura é coisa de rico?




Para muitos levar o design e a arquitetura à periferia é uma ideia utópica. Ninguém quer se esforçar e investir em estudos durante 2, 4, 5 ou mais anos para servir aos pobres. E isto se deve mais por uma questão de status do que visão empreendedora que optou por um nicho de mercado mais lucrativo.

Muito se fala que a periferia, a nova classe média, não precisa, não valoriza ou não possui capital para consumir o tal do design e a tal da arquitetura. Mas o que vemos é um desinteresse recíproco entre os profissionais da área, associações e conselhos de classe e os próprios emergentes que ainda não possuem cultura de consumo desenvolvido neste âmbito. Aliás, a nova classe média consome o design e a arquitetura maciçamente sem saber do que se trata. Fatalmente quem acaba proporcionando este contato são as micro-empresas sem estrutura e profissionais que não possuem formação na área. Esses se valem apenas do seu conhecimento prático e da cópia indiscriminada das fórmulas mágicas (cartilhas ultrapassadas da indústria adaptadas à produção em pequena escala).

Veja bem que eu não critico estas pessoas e empresas, pois alguém precisa atender esta forte demanda. Só lamento que seja inexistente um estudo reflexivo adequado visando criar produtos e serviços dedicados a este nicho. Mas admito que isso levanta várias questões como: Devemos criar produtos e serviços específicos ou adaptar os já existentes? A nova classe média estaria interessada em tais produtos e serviços ou preferem copiar a cultura de consumo da classe alta abrindo mão da qualidade pelo custo acessível?

O filósofo socialista italiano Antônio Gramsci (1891-1937) defendeu que uma verdadeira revolução social só seria possível quando os intelectuais nascentes organicamente em meio ao proletariado passassem a realmente representar e defender sua classe ao invés de migrar e absorver os valores das classes mais altas conforme tem ocorrido ao longo dos séculos. Situação essa que enfraquece, desorganiza, pacifica a classe e até desqualifica as eventuais rebeliões que não conseguem modificar essa posição de dependência.

Somado a isso podemos citar a teoria marxista que levanta a questão dos meios de produção (o trabalho) serem a força motriz que impulsiona as revoluções modificando a forma como a sociedade se relaciona, e não puramente e simplesmente os interesses políticos e econômicos como outrora fora idealizado, pois todos estes fatores são gerados a partir da evolução dos meios de produção x trabalho.

Juntando estas duas visões socialistas podemos concluir que se os designers e arquitetos (como também as demais profissões) provenientes das classes mais baixas passassem a atuar efetivamente em seu meio, eis que uma enorme revolução seria instaurada. A classe alta deixaria de ser a única estrelinha a brilhar e a ditar as regras na sociedade.

Nem vou entrar no mérito da possível lucratividade deste crescente e já enorme nicho de mercado, pois em primeiro momento devemos quebrar o preconceito do pobre contra sua própria classe de origem para só depois mostrar o potencial que está sendo desperdiçado.

Por enquanto o design e a arquitetura é coisa de rico para rico e os pobres passam suas vidas inteiras tentando adentrar este meio, mas a meu ver passou da hora de mudar este jogo e eu como representante da periferia, marceneiro e designer autodidata, futuro estudante de arquitetura, faço questão de engrossar este caldo.

Chega de disputar a carniça com os abutres!!!

Percebam que não estou de forma alguma inventando tal revolução e inversão de valores, apenas estou tomando consciência do fenômeno já ocorrente e aceitando de bom grado as condicionantes buscando assim assumir meu papel perante a sociedade. Trata-se de uma aceitação e reação aos fatos.


Quem leva o design à periferia são as pequenas marcenarias artesanais. Fato!




Atualização: 21/01/2018

Fonte do embasamento teórico:






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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Marcenaria x Tecnologia x Capitalismo



Trechos retirados do debate no extinto grupo 
Marcenaria Moderna em 23/10/2013.
Sei que ficou um pouco estranho, pois salvei apenas minhas 
respostas, mas dá pra entender. hehehe


Num debate com o Consultor Anderson Martins que é um defensor ferrenho da modernização indiscriminada da marcenaria eu levantei estas questões em oposição:

O Anderson está divagando... Por mais evoluído e automatizada que seja a metodologia ela sempre dependerá do fator humano (salvo a possibilidade de uma futura inteligência artificial). A única diferença é a quantidade cada vez menor e mais especializada de seres humanos necessários para realizarem os processos. Fato!!! Mas o fator humano se mostra sempre presente... Fora que está busca alucinada dos empresários buscarem formas de eliminar a necessidade da mão de obra e diminuir o quadro de funcionários é uma filosofia ultrapassada, antiquada. Observando por uma ótica macro e coletivista podemos afirmar que é um tiro no pé, de forma análoga ao que os ingleses fizeram com a questão da escravidão, eis que esse caminho podemos classificar como um retrocesso, já que como consequência teremos homens livres, porém desempregados incapazes de consumir os produtos industrializados produzidos em escala cada vez maior.

Como podemos analisar, o que parecia ser o caminho mais inteligente e até óbvio se mostra um suicídio econômico que favorece as desigualdades sociais e cultiva os ciclos das crises mundiais. Obviamente que este é apenas um fator entre tantos. Muitos estudiosos defendiam que a sociedade é um organismo vivo que age e reage independente da vontade dos seres humanos. Seguindo esta premissa fica fácil entender porque o artesanal, as microempresas e as atividades autônomas estão ganhando cada vez mais evidência... É obvio que todo sistema busca o equilíbrio entre os oposto, então esta é a forma da sociedade equilibrar o advento da tecnologia com a economia. Se tudo for automatizado a sociedade como conhecemos será dizimada e poucos restarão.

Por outro lado aplicando o darwinismo com sua teoria da seleção natural podemos fazer uma analogia. Poucas pessoas possuem imunidade contra o HIV, se ele dizimasse da face da terra todos os não-imunes teríamos uma verdadeira catástrofe, porém esses poucos sobreviveriam, se reproduziriam e passariam sua imunidade para seus descendentes pela herança genética e rapidamente povoariam todo o planeta novamente. Mas aí no meio do caminho o vírus, dentro do seu direito e dever, sofre mutação e lá se vai a imunidade dos ESCOLHIDOS pro quiabo!!! ............. Como podemos ver aplicar a lei do mais forte ou mais adaptado sobrevive na economia é um tiro no pé, pois sempre haverá um equilíbrio entre os opostos. Conclusão: velhos métodos são tão importantes para a economia quanto os novos, um não sobrevive sem o outro. O importante é que todo mundo viva feliz com o caminho que escolher.

Conclusão[2]: Na minha opinião o capitalismo como é conhecido não sobreviveria ao predomínio da tecnologia. Para isso teríamos que transcender do capitalismo para outro regime. Seria um caso de neo-capitalismo ou quem sabe ressuscitar o socialismo... Será???? hehehe Já passou da hora, mas nossa sociedade não está preparada...

Bom... Minhas postagens anteriores foram um deslumbre, como acentuei muito bem no início, sobre interdependência entre o moderno e o antigo (ou artesanal, que seja) assumindo um ponto de vista macro em relação à sociedade a nível global. Mas que isso é culpa do sistema capitalista que caso não seja adaptado ao advento tecnológico, eis que a evolução tecnológica sempre será boicotada. Um funcionário despedido de uma marcenaria que automatizou sua produção fatalmente abrirá uma portinha e tocará uma produção artesanal em pequena escala aos trancos e barrancos e o ciclo será sempre alimentado, pois este cidadão continua existindo e também precisa comer e pagar suas contas. O que eu quero dizer é que isso barra a continuidade da evolução da empresa maior e automatizada por consequência e no fim todos continuam comendo merda atolados até o pescoço. O capitalismo é uma merda e todo mundo tá comendo e cagando junto...

Mas sobre esta questão que fábrica e marcenaria estão se fundindo como o Anderson Martins defendeu aqui concordo plenamente. Que em breve qualquer marcenaria fundo de quintal vai possuir uma seccionadora ou quem sabe até um centro de usinagem é fato previsível, que isso de forma alguma vai representar o fim do artesanal, pois na mesma oficina a plaina manual vai dividir tarefas com o CNC, mas teimo que NADA mudará! As empresas vão continuar endividadas e lucrando a mesma ninharia de sempre, infelizmente!!!

Sim! Eu critico os CEV (Caixoteiros Engessados Viajantes)! rsrsrs Mas deixando as brincadeiras de lado....... Sistema modular ao meu ver, simplificando, trabalhar com uma linha de módulos pré-definidos armazenados em uma biblioteca 3D que possibilita interligar num mesmo sistema projeto + vendas + estoque ou produção + entrega e montagem. Caracteriza-se por produção automatizada e processos padronizados em todas as etapas. Este sistema é uma interação entre o universo digital e o físico.

Já a produção que apelidamos de "artesanal" é a marcenaria que trabalha com móveis sob medida criando projetos e soluções caso a caso possuindo uma maior flexibilidade criativa e a possibilidade de agregar maior valor ao produto/serviço, porém sofre aos bocados com a impossibilidade de manter a organização total do sistema tendo em vista suas constantes variações...

Tenho minhas dúvidas, pois a essência de um sistema funcional é prever situações e padronizar soluções. Neste sentido como criar um sistema que integre todos os processos no universo sob medida sem podar a liberdade criativa? Criação não rima com: padronização, produção em escala, controle total do tempo de execução, etc. Explica isso aí Marquito!!!
Isso não vem ao caso. Devemos analisar que no universo dos móveis sob medida cada solução é exclusiva da situação, projeto e cliente em específico e dificilmente esta solução em seus mínimos detalhes servirá para outro serviço. Lembrando que estou falando de projetos realmente exclusivos e complexos (eis a dica do contra-argumento...) onde elaboramos um puta projeto, e o protótipo de teste passa a ser o próprio serviço que será entregue com os seus erros e acertos sem a mínima possibilidade de jogar tudo fora e recomeçar novamente. Todo esse processo pode muito bem ser totalmente informatizado, mas essa opção só se tornaria realmente um diferencial em potencial se esta solução pudesse ser reproduzida outras vezes, caso contrário não teríamos ganho significativo, pois criar do zero no computador o no papel é a mesmíssima coisa e no computador pode até ser mais difícil se as ferramentas do programa não forem dedicadas a área de criação (engenharia, design ou arquitetura). (Neste ponto existe outro contra-argumento de total coerência).

Não interessa se a solução já foi testada por Deus e o Mundo!!! Se minha equipe nunca usou um trilho de porta de correr com amortecedor de determinada marca/modelo, eis que isso será uma novidade que acarretará uma experimentação. Para isso será preciso ler o manual de instalação e quem sabe testar a ferragem em gabaritos (portas em escala menor usando sobras) sem contar que o fator peso e empenamento não poderá ser testado neste gabarito, mas tocamos o barco assim mesmo. Aí só depois deste teste poderemos tocar o barco fazer o projeto executivo, listagem de peças e plano de corte respeitando as folgas necessárias e demais detalhes da ferragem em específico. ............... Agora digamos que no meu campo de atuação, pedidos deste tipo são tão raros que quando for executar outro serviço parecido nem esta ferragem modelo/marca estará disponível necessitando assim nova atividade laboratorial/experimental... hehehehe É DISSO QUE EU ESTAVA FALANDO!!!!

Vamos mudar de lado no debate agora......O primeiro contra-argumento esperado era que projetos exclusivos representam no máximo 10% da produção. Que o resto é tudo caixaria que em nada muda do sistema modular. Então podemos padronizar e informatizar todo o processo. Que a utilização de ferragens e processos que fogem da rotina são casos "pontuais".......... Já no segundo contra-argumento seria esperado a citação do fato que por mais especial que seja o projeto/serviço, eis que este fator especial representa mais ou menos 10% do todo, sendo assim os 90% restantes não fogem do padrão adotado podendo ser totalmente sistematizado. Ou seja, separamos a(s) peça(s) extraordinárias do todo, produzimos separadamente e o resto é pau na máquina! ..............Simples!!!!!

Concordo que 100% pode ser informatizado, mas que no universo sob medida só se torna interessante, necessário, produtivo informatizar (sistematizar) 90%. O restante é mais rápido fazer à moda antiga! E esses 10% é a cerejinha do bolo, o diferencial da pequena marcenaria na competição contra as grandes marcas. Setorizar a equipe é uma saída. Pegamos mão de obra barata para apertar os botões e mão de obra especializada para decidir quais e quando apertar os botões e os "artesãos" para os casos especiais e montagens complexas.

O caminho é este mesmo! Na minha lógica o camarada têm todo o direito de ficar alisando gabinetes redondos desde que o restante da equipe estejam metendo o pau na produção do simples (caixarias). Lembra quando defendi que o tempo do patrão na marcenaria por determinada ótica NADA VALE? Que se for pra alisar curvas ou ficar adulando clientes ele é a pessoa mais adequada? Lembrando que se ele não fizer isso alguém vai ter que fazer, e essa mão de obra é tão rara quanto cara e de certa forma improdutiva a olhos leigos!!!

(...)(...)(...)

Luiz Mariano (MARCENEIRO)


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quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Marcenaria Naval, um breve deslumbre desta área:



Bom... Vou me apresentar aqui e dar um apanhado geral em uma das minhas atividades na marcenaria que é a Marcenaria Naval.

De forma breve vou fazer uma explanação dos diferencias em relação a Marcenaria Civil, falar um pouco sobre a forma de trabalho, mão de obra e ambientar nosso terreno de trabalho.

Eu sou o Marcello, trabalho no ramo de marcenaria fazem mais de 30 anos, já estive como funcionário, já fui autônomo e já tive meu próprio negócio no ramo. Há cerca de 4 anos atrás iniciei o trabalho com a empresa que possuo agora a Art Max, na cidade de Guarujá que trabalha também no ramo civil, mas tem como pilar principal a Marcenaria Naval.

Em geral prestamos serviços em qualquer embarcação, mas grande parte dos trabalhos estão focados nos barcos de passeio. Sendo assim vou basear meus comentários pensando mais nessa vertente.





Algumas problemáticas são idênticas as da marcenaria com o foco em móvel para residências, porém no decorrer do texto dá pra perceber as diferenças surgindo.

É válido começar pelos ambientes em que se vai trabalhar e em que isso implica no nosso trabalho. A embarcação não é uma casa, não tem paredes retas, raramente os pisos estão nivelados, então pra começo de conversa já é interessante saber que quem vai arrumar isso é o marceneiro no inicio da construção de paredes e estruturas básicas. Considerando que o barco só "vem" com as paredes externas (fibra ou alumínio) é importante lembrar que as paredes que dividem ambientes interno são todas de madeira também e de novo cabe ao marceneiro a construção e fixação dessas paredes.

Na seqüência podemos falar dos materiais usados. Enquanto na marcenaria civil o MDF veio com força e reina soberano, na naval ainda se trabalha e muito com madeira maciça e compensado naval, laminas de madeiras, os folheados e fórmica. Outra necessidade nesse meio são as colas, por muitas vezes vai ser necessário "travar" uma estrutura em superfícies diferentes da madeira pode ser geralmente a fibra ou alumínio, então é necessário um adesivo que seja aderente as duas superfícies, geralmente se usa um adesivo elástico mais conhecido pela marca Sikaflex.

Obs: Vale frisar que o Sika não é usado somente por causa das diferentes superfícies, mas pela elasticidade, diminuindo possíveis vibrações e os impactos dos atritos do barco navegando.

Na parte de mão de obra existe um problema tão grande quanto ou talvez maior que na marcenaria civil, se já é difícil uma formação para marceneiro civil na área naval é impossível, pois que eu saiba não existe uma "Graduação" para tal. Então os profissionais da área ou simplesmente são profissionais que começaram leigos e ficaram na área o suficiente para se aprimorar, ou marceneiros civis que migraram e se adequaram as diferenças. Então existe uma grande defasagem principalmente de novos profissionais na área.


Na parte da construção da mobília mesmo, o importante é frisar que geralmente muitos ajustes têm de ser feitos, pois ainda que o barco tenha um projeto (o que não é sempre), e que esse projeto seja muito bom, existe uma serie de fatores que influenciam. Na embarcação todas as tubulações e cabos são escondidos ou passam dentro da parede, ou passam dentro de algum móvel, então lembrando que o marceneiro que fez as paredes... De qualquer forma quem vai ter que abrir esses espaços é ele mesmo, sendo que como eu disse nem tudo transcorre como no projeto inicial, alias quase nunca. Então o marceneiro sempre terá que se comunicar com os demais profissionais no andamento da obra, tendo que estar ciente de tudo que vai passar aqui e ali na embarcação, pra não estar perdendo peças ou deixando algo sem solução.

Acho que deu pra dar uma explanada bem de leve no ambiente de trabalho, é claro que isso é um apanhado BEM superficial das coisas, mas quem tiver qualquer dúvida ou curiosidade sobre algo, que eu falei ou até que eu não falei, é só entrar em contato.



Marcello Cruz
Proprietário da Art Max Marcenaria
Guarujá - SP




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domingo, 25 de janeiro de 2015

[Estudo inicial] Metodologia para Pequenas e Médias Marcenarias



“A inteligência de uma pessoa é medida pela qualidade de suas perguntas, e não pelas suas respostas.” (Sei não quem disse isso! rsrsrs)

Problema:

            Criar uma Metodologia Projetual e de Trabalho específica para Marcenarias de pequeno porte que trabalham com Móveis Projetados sob Medida focando soluções adaptadas ou criadas para cada problema, cada projeto, cada Cliente.

Subproblemas:

            # É realmente necessário possuir uma metodologia projetual única ou deixar cada profissional criar seu próprio método?
            # Seria melhor criar uma metodologia básica que servirá apenas para treinar os novos projetistas e nortear sua evolução deixando ele livre para criar sua própria metodologia e focar apenas nos resultados?
            # Treinar projetistas com ou sem experiência no Ramo?
            # Caso seja com experiência, focar em Profissionais de Interiores ou Projetistas Vendedores que trabalham com modulados?
            # Treinar um profissional completo que seja capaz de criar, vender e soltar o pedido na produção ou separar quem cria e vende de quem possui conhecimento técnico para comandar a produção?
            # Contratar ou formar parcerias?
            # Pagar fixo + comissão? Quanto? Premiações? Como e o quê? Benefícios?
            # Quais os limites que se deve estabelecer para as propostas deste colaborador?
            # Devemos focar só na venda de móveis ou devemos fornecer soluções englobando tudo o que é correlacionado aos móveis?
            # Que tal focar inicialmente apenas nos móveis e ir inserindo outros produtos e serviços aos poucos?
            # Devemos montar um Escritório com ShowRoon para o vendedor projetista?
            # O projetista técnico deve ficar dentro da Fábrica acompanhando a execução e propondo novas soluções técnicas caso a ideia inicial não funcione?
            # Qual o limite da participação do Cliente no processo criativo?
            # Qual o melhor programa de geração de imagens 3D para esta metodologia?
            # Todos os colaboradores devem usar o mesmo Software?
            # É interessante que este Software possua um leque de módulos, componentes e blocos criados e adequados ao sistema de produção da empresa para agilizar o ato de projetar e evitar que o projetista fique perdendo tempo reinventando a roda?
            # O que deve e o que não deve ser padronizado? Esta padronização deve ser rígida ou flexível conforme necessidade?
            # Devemos dividir equipes em especialidades? Comercial, corporativo e residencial?
            # Seria melhor delegar os serviços mais complexos aos mais experientes ou não fazer distinção entre os colaboradores? (Serviços atraídos através de Marketing direto).
            # Quem deve acompanhar a obra/montagem e ficar responsável por resolver as variantes?
            # Os prejuízos decorrentes de erros nos projetos devem ser divididos com os colaboradores ou absorvidos pela empresa para não podar as iniciativas criativas dos mesmos?
            # Quem ficará responsável em gerar os orçamentos e ditar os limites dos descontos e agrados?
            # Caso o Cliente fique descontente com o andamento e resultado da obra, qual o procedimento e quem ficará responsável de resolver o impasse?
            # Quem ficará responsável de supervisionar toda a equipe?
            # Quem ficará responsável de lidar com os outros prestadores de serviço (parcerias)?
            # Cada Vendedor Projetista ficará livre para formar as próprias parcerias ou só a empresa poderá selecionar e contratar?
            # Será permitido o vendedor projetista pegar serviços por fora?
            # Como ditar prazos dentro de um contexto tão complexo?
            # Devemos focar em apenas um perfil de clientes ou deixar o vendedor projetista livre para encontrar seu próprio nicho de mercado?
            # Devemos focar o marketing sobre o nome da Empresa ou promover o nome do Vendedor Projetista para incentivar o boca-a-boca, indicações?
            # Devemos abrir mão da ligação empresa x cliente correndo o risco de perder a carteira de clientes deste vendedor caso este seja desligado da empresa?
            # Devemos correr riscos e fazer experimentações para com o decorrer do tempo identificar o que funciona ou devemos manter uma postura contida deixando situações mais complexas a cargo do Cliente resolver?
            # Trabalhar com o regime de metas ou deixar os colaboradores livres para criar sem pressão?
            # Como fica a questão dos horários (hora extra) partindo do princípio que a maioria das visitas são marcadas fora do horário comercial e finais de semana?
            # Devemos obrigar os colaboradores a ficarem no escritório fazendo plantão ou deixar um atendente apenas para fazer um pré-atendimento e agendar a visita do vendedor projetista à obra;
            # Devemos fazer orçamentos baseando-se apenas na planta da obra trazida pelo cliente em visita ao escritório?
            # Devemos cobrar para fazer as imagens 3D?
            # É interessante usar sistemas de geração de imagens e orçamentos automáticos para facilitar as cotações? Ou para este tipo de atuação dinâmica isto é perda de tempo?
            # Só o vendedor projetista que fez o contato inicial com o Cliente deve acompanhar e resolver todos os problemas da obra ou seria melhor trabalhar em equipe?
            # Mesmo que o trabalho seja em equipe não seria interessante ter apenas um porta voz que ficará responsável em lidar com aquele Cliente em específico para não ter sua autoridade e importância no projeto abalada?
            # Cada vendedor projetista será obrigado a possuir seu próprio veículo, not e software ou a empresa fornecerá toda a estrutura? Gasolina? Manutenção? Etc?
            # Devemos promover a união entre os vendedores ou a competição?
            # As idéias e produtos gerados em todo o processo devem ser de propriedade da empresa e deve ser dividida entre todos os vendedores projetistas ou deve ser exclusiva do profissional e do serviço específico?
            # Seria interessante forçar o Vendedor Projetista trabalhar em dupla com um aprendiz para que este seja preparado para substituí-lo ou assumir outra vaga?


Metodologia Projetual:

            Método Modular

            Todo o método modular consiste em trabalhar com soluções pré-elaboradas e “brincar de quebra cabeça” tentando adaptá-las ao problema do cliente. O Projetista possui uma variação de módulos e medidas onde cabe a ele escolher e encaixar no espaço as melhores opções. Quanto menos opções existir mais engessado se torna o trabalho deste profissional e mais distante de uma solução real o projeto se encontra.
            Buscando resolver ou pelo menos diminuir este problema, as melhores marcas de modulados criaram os módulos editáveis e algumas lojas montaram oficinas de marcenaria para assumir este papel.
           
            Método Aleatório

            Digamos que a maioria das marcenarias utiliza este método onde cabe ao Projetista identificar as limitações da empresa e criar as soluções dentro deste contexto. 

(Estudo inacabado... Aceitamos contribuições! hehehe)

MARCENEIRO
www.marianomoveis.com.br


(Atualização Complementar – 26/01/2015)

Postei o link desta estudo inicial no grupo do designer Paulo Oliveira (que já participou aqui do nosso Blog) para provocar os amigos designers. Hehehe
Para minha surpresa quem me respondeu primeiro foi uma arquiteta. Rsrsr

Gosto tanto das “bíblias” que a Arq. Lise Noebauer posta como réplica às minhas provocações “facebookianas” que desta vez vou fazer a questão de atualizar esta postagem com esse adendo de autoria dela para ficar arquivado no histórico.


Arquiteta e Urbanista
de Florianópolis - SC
Formada pela Universidade 
Federal de Santa Catarina - UFSC

“Mariano, processo de projeto é um tema já bastante estudado nas pós-graduações mundo afora, e as pesquisas mais antigas datam, se não estou muito enganada, da década de 50. Isso não significa que o assunto está esgotado, muito pelo contrário. O número que me pareceu quase infindável de perguntas que tu levantaste me parece indicar o fato.
Aliás, acredito que vários dos questionamentos apresentados não se referem a processos de projeto e sim a questões administrativas. Acho que um primeiro passo para começar uma elucidação do tema seria justamente separar as coisas. É verdade que em algumas das questões o limiar será tênue, mas a divisão é necessária, nem que seja puramente para atender uma demanda da pesquisa levantada.

A boa nova é que uma vez levantadas às questões realmente pertinentes ao assunto a ser estudado, poderás entrar nos ambientes de pesquisa (bibliotecas, sites de pós-graduações, Google Acadêmico, etc) e, assim, colocando palavras chave (palavras que realmente se destaquem dentro das questões selecionadas), fazer uma busca simples... e ohhhh: vai surgir um sem fim de referências para que possas ler e ir montando o quebra-cabeças. Serão livros, dissertações, teses, artigos de periódicos, sites, blogs, etc. As áreas que serão o berço desses estudos provavelmente serão o design, a arquitetura, a administração e o marketing. Isso significa que não vais partir do zero.

Um exemplo de pesquisa: Poderias iniciar pesquisando processo de projeto de uma forma ampla e ir afunilando o tema para processos de projeto em ambientes de marcenaria sob medida. Vais achar preciosidades. Só não pode achar que levará pouco tempo ou trabalho. Mas vais descobrir coisas importantes.

Minha dissertação de mestrado está em andamento. O tema é processo de projeto. Mais especificamente processo de projeto arquitetônico, é claro. E mais especificamente, processo colaborativo de projeto. Inclui um aproveitamento dos estudos existentes em APO - avaliação pós-ocupação e tecnologia digital no auxílio da decodificação do projeto para o usuário compreender, visando aumentar assim, a sua colaboração ou participação no processo de projeto.”
(Lise Noebauer)


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A Marcenaria Artesanal Contemporânea

Foto tirada na ForMóbile 2010

(Texto escrito em 03/06/2011)

Em meio a tantos avanços tecnológicos e produção em larga escala, eis que a Marcenaria Artesanal sobrevive e ganha força impulsionada pelo contexto atual que se encontra o Brasil e o mundo. Nunca se falou tanto em questões ambientais e inclusão social.

Num raciocínio rápido podemos dizer que uma Fábrica de Móveis Padronizados ou Modulados possui um papel mais amplo na sociedade, pois gera maior riqueza, mais empregos diretos e indiretos, pode investir mais no uso de energia e tecnologia limpa, transmite uma segurança maior aos colaboradores através do cumprimento das Leis Trabalhistas como um todo, produz mais com menos, etc. E isso se acentuou ainda mais com o crescimento econômico atual. Mas em contrapartida devemos lembrar que foram as micro-empresas, como as pequenas Marcenarias Artesanais, que sustentaram o país e absorveram grande parte da mão de obra que estas mesmas grandes empresas dispensaram com o avanço tecnológico e incontáveis crises financeiras antes desse pico de desenvolvimento que vive o país atualmente. Muitas pessoas encontraram no empreendedorismo a saída para o desemprego que assolava o país num passado recente.

Deixando os méritos do passado de lado, vamos nos concentrar no presente. Atualmente podemos observar uma grande valorização dos produtos artesanais. Praticamente só é viável usar matéria prima ecologicamente correta em pequenas produções para atender mercados de nicho por causa do seu custo elevado (isso tende a mudar com o tempo). Fora que produção pequena representa um consumo menor de matéria prima, ou seja, recursos naturais. Produzimos menos pra ganhar mais e agradar mais. Lembrando também que em alguns casos podemos reaproveitar matéria prima agregando ainda mais valor.

Outro ponto positivo é que o ser humano sempre gostou de produtos e serviços exclusivos, mas por falta de recursos acabava adiando seus sonhos ou improvisando com os produtos industrializados que possuem custo e valor agregado menor. Mas com o desenvolvimento econômico mais pessoas entraram no mercado de trabalho e outros passaram a ganhar melhores salários, e por conseqüência desenvolveram necessidades consumistas diferentes que até então estavam adormecidas ou adiadas. Bastou suprir as necessidades básicas de carro e moradia para que o consumidor passasse a correr atrás de algo mais.

(Nota: Esta afirmação que outras pessoas passaram a ganhar melhores salários é questionável. Um dos alertas é exatamente este. Quem já estava no mercado NÃO melhorou o salário, mas motivado pela mídia que alardeava o suposto crescimento econômico acabou se endividando. Hoje já podemos observar um superendividamento do povo brasileiro e uma crescente taxa de inadimplência. Sem contar que a falta de capacidade produtiva do mercado e investimentos em estrutura por parte do governo esta alimentando a inflação e condenando o crescimento econômico).

Outro fator que auxilia na sobrevivência das Marcenarias são os valores de caráter psicológicos que o “Estudo dos Signos” através da Semiótica (estudo da interpretação que é  dado pelo ser humano a tudo o que lhe cerca) nos explica. O ser humano sempre terá atração pelo que é tradicional e elaborado com as mãos do próprio homem. Prova disso é que muitos profissionais graduados após o término de sua carreira profissional passaram a tocar pequenas empresas como as Marcenarias Artesanais por questões de satisfação pessoal em “meter a mão na massa” (outro signo) e acabaram encontrando uma forte fonte de lucro que nem imaginavam existir.

Muitos podem questionar apontando o grande número de profissionais da área que vive em condições precárias e os vários outros que abandonaram a profissão, mas posso afirmar que faltou a esses profissionais, persistência e espírito empreendedor. Eles não sabem ou não souberam valorizar a profissão, o trabalho e os seus produtos.

Muitos quebraram a cara montando micro-empresas, mas outros venceram e realmente mudaram de vida. O empreendedorismo proporcionou uma verdadeira inclusão social em épocas de desemprego e desespero com sua estrutura enxuta e grande flexibilidade perante aos desafios do mercado. E hoje com esse crescimento econômico e com as atenções voltadas às médias e grandes empresas, muitos querem largar as micro-empresas de lado ou simplesmente largar de ser micro-empresa expandindo. Mas é bom lembrar que crescimento econômico e recessão são atrelados em ciclos. E no horizonte já podemos observar pequenas nuvens escuras se aproximando.

Não pretendo aqui plantar o pessimismo, mas sim a realidade dos fatos. Recomendo que os micro-empresários optem pelo caminho da qualidade e design primeiramente para depois quem sabe investir numa expansão física estrutural. Transformar sua produção artesanal em industrial e com isso engessar sua flexibilidade pode ser um tiro no pé. O que estamos observando pode ser só mais uma bolha de crescimento preste a estourar em nossas cabeças. Hoje ta fácil vender “arroz com feijão”, pois o consumo esta em alta e os grandes fabricantes não estão dando conta. Assim acaba sobrando para os pequenos, mas em breve o jogo pode mudar e concorrer com eles em tempos de escassez pode ser desastroso. E o caminho inverso de voltar a ser artesanal é extremamente difícil e psicologicamente doloroso.

A jogada é investir em tecnologia, mas jamais virar as costas para o artesanal que é o nosso diferencial. Produzimos rápido o que dá pra produzir rápido com o maquinário moderno. E com isso sobra mais tempo para fazer as peças mais elaboradas na unha. Seria como o acelerador e o freio do carro. Ou seja, não defendo de forma alguma fechar os olhos para os avanços do setor e continuar a fazer tudo do mesmo jeito de sempre com os mesmos materiais de sempre. Devemos evoluir, mas evoluir não significa necessariamente se tornar Fábrica de Móveis. A “arte” pode e deve continuar. Só precisamos nos adaptar.


Uma Marcenaria Artesanal pequena pode não significar muito para a sociedade, mas todas elas juntas a coisa muda de figura. Se plantarmos uma maior união da classe poderemos assumir um papel ainda maior...


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sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Campanha de valorização do MARCENEIRO ARTESÃO


Nós do Grupo do Facebook Marcenaria BRASIL estamos promovendo uma campanha de valorização do pequeno produtor marceneiro que possui oficina própria e uma pegada artesanal. Nossa proposta é que os marceneiros passem a assumir de vez o rótulo de artista que já pesa em suas costas e comece a invadir as mídias seguindo os passos dos grandes Cheffes de Cozinha que hoje são verdadeiros astros.

Obviamente que para isso acontecer este marceneiro precisa transcender sua função passando a vender algo mais do que meros móveis copiados de seus concorrentes. Ele precisa passar a criar suas próprias peças e soluções, passando assim a competir com os designers e arquitetos que dominam o setor.

Uma maior capacitação é primordial, pois este profissional precisa dominar todo o processo, desde a arte de criar, projetar e vender; passando pela produção primorosa; entrega e montagem de nível e chegando ao pós-venda bem elaborado. Mas além disso tudo é obvio que é preciso dominar as técnicas antigas em contraste com as atuais, juntar o velho com o novo. Nisso podemos incluir o domínio da ferramenta 3D, projetos executivos e planos de corte em conjunto com o desenho à mão sempre que necessário na hora de esboçar uma ideia. A CRIATIVIDADE passa a ser a palavra chave.

Debatendo inBox como o nosso amigo de grupo, o marceneiro José Benedito Polleto proprietário da Wood Serrana de Moveis e Artesanatos LTDA de Serra Negra-SP ficou evidente que esse seria o melhor caminho.


“Pra mim estamos encontrando uma meta!”

“Mas isso vai exigir mais qualificação de todos, pois não basta apenas cobrar mais caro.”

Nesta conversa concluímos que é impossível excluir a influência e participação dos nossos irmãos designers e arquitetos, no fim serão eles que abraçarão melhor a ideia, muitos vão passar a meter a mão na massa em busca de um diferencial, de agregar valor às suas criações, ao seu nome. Poucos marceneiros querem enfrentar os holofotes, pois eles curtem a tal da humildade de merda que os mantém na zona de exploração.

Polleto citou que já produziu para a Tock&Stock, reclamou que a marca de sua marcenaria nunca era citada, apenas do designer internacional que criou a peça...

Isso só corrobora com o que estamos defendendo: Precisamos passar a criar nossas próprias peças e lançar nossa marca no mercado, invadir e disputar espaço na mídia, enfrentar os holofotes para fazer o nosso nome, o nome de nossa empresa. Explorar a produção sob medida, a exclusividade e a pegada mais humana no atendimento é o canal. Fazer disso o nosso diferencial além da qualidade dos materiais utilizados e o resultado final surpreendentemente simples e sofisticado.

 “...o mercado ta aí pra todo mundo, esperar que as grandes empresas façam seu nome é pior do que acreditar no Coelhinho da Páscoa.”

Para que a coisa funcione este novo perfil de marceneiro precisa, antes de mais nada, aprender que copiar é antiético, é errado. Pois por enquanto a maioria dos marceneiros acham normal COPIAR e querem ser valorizados pela capacidade de produzir tais peças com perfeição, mas o mercado não valoriza isso, fato.

Conversei bastante com o marceneiro Márcio Rangel da Rangel Móveis Planejados de Itu – SP que também ficou bastante empolgado com a ideia.


“Quando você não tem medo de cobrar, você seleciona naturalmente seus clientes e começa a pegar os melhores... Tudo começa com a sua atitude!”


Obviamente que agregar valor vai além do simples ato de cobrar mais caro, é preciso fazer por onde. E investimento pesado em marketing é o caminho, mas isso precisa ser muito bem planejado, é um processo demorado que muitas vezes exige uma boa consultoria.

Mãos à obra meus caros!

Marcenaria na veia, é nóis! hehehe

www.marianomoveis.com.br


(Atualização 28/01/2015)

Estávamos debatendo este tópico no Grupo Marcenaria BRASIL e o Arquiteto Cezar Augusto de MG levantou outro ponto de vista sobre como valorizar o trabalho das pequenas marcenarias artesanais que possuem a capacidade de produzir peças mais exclusivas.

Parceria com designers e arquitetos seria o caminho mais fácil proposto por ele, caminho este que ele já está colocando em prática.

Gostei tanto que achei interessante atualizar esta matéria com mais este complemento.

Segue o depoimento dele postado no grupo:

“Eu trabalhei um tempo em uma giga marcenaria aqui de minas e saí porque queria desenhar e não gerenciar produção. Apesar de arquiteto, meu grande prazer é desenhar móveis. Passei dois anos com escritório, fazendo projetos de casas, reformas, ano passado que eles começaram a ganhar forma, sair do papel e consegui reaproximar da marcenaria. E na busca por uma marcenaria parceira, uma das coisas que pesa é o orçamento. Sempre tem quem faz mais barato, mas não necessariamente bem, mas é difícil explicar isso pro cliente. Então eu tive a ideia de mudar de jogo, partir pra fabricar o móvel, pois seria a garantia de que conseguiria chegar num valor que eu achasse justo e que atendesse ao cliente.

Passei um ano analisando diversas franquias de planejados, e nenhuma chegou nem perto das possibilidades, acabamento e diversidade de uma marcenaria. Então no fim do ano passado surgiu a ideia de “gourmetizar” uma pequena marcenaria que fez muito serviço pra mim. A gente já tinha uma ligação legal e uma parceria de trabalho e o marceneiro sempre me chamava pra desenhar os projetos mais 'sofisticados' que ele pegava, pra impressionar mais o cliente. Então eu propus que meu escritório virasse uma extensão 'gourmet' da marcenaria dele. Trabalharíamos com outro nome, outro conceito e outro público. Ele continuaria tendo o cliente 'comum' dele, que procura a marcenaria diretamente e discute, sem projeto muitas vezes, um móvel; e eu focaria num outro tipo de cliente potencial, e seria uma espécie de revendedor da marcenaria, com assinatura, outra penetração de mercado...

Estamos caminhando bem, acertando os passos, já fizemos os primeiros projetos, mas achei que foi uma iniciativa bacana pra valorizar essa ideia da marcenaria artesanal sem ter que perder os clientes ou reestruturar por completo a marcenaria, na base da parceria e do domínio do conhecimento.

Pra mim é ótimo, levanto cedo, vou a marcenaria, discuto projeto, vejo o que precisa ser otimizado o que vai funcionar mal, consigo acesso a um cliente diferente do cliente tradicional da marcenaria... Todos saímos ganhando (esperamos)...”
(Cézar Augusto)


Cézar Augusto

Arquiteto e Urbanista formado pela UFMG

E atualmente estudante de Mestrado em Ambiente 
Construído e Patrimônio Sustentável em UFMG

De Itabirito – MG


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segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

[Tendência]: Puxadores Artesanais c/ Cava


Deus mora nos detalhes!

Ou será que é a perfeição?

Sei lá, dá no mesmo! hehehe

Como nosso trabalho explora a satisfação do cliente em ter uma peça única e exclusiva produzida pelas mãos de um artesão sob encomenda, respeitando e reafirmando sua individualidade, eis que os detalhes fazem a diferença.

Puxadores como estes que foram executados artesanalmente com painel teca (madeira maciça rejuntada proveniente de reflorestamento) tornaram-se FORTE TENDÊNCIA entre as melhores marcenarias e os melhores marceneiros que como eu possuem uma pegada artística autoral.

Nosso trabalho é demorado, um verdadeiro teste de paciência tanto para o profissional quanto para o cliente, mas quem quer fugir da frieza e qualidade questionável dos móveis modulados e seriados sabe que vale à pena esperar pra ter um serviço diferenciado, exclusivo, humano. E o profissional que faz seu serviço com carinho sabe o valor do seu trabalho.

Assim uma simples bancada ganha um toque de sofisticação e exclusividade!!!







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domingo, 18 de janeiro de 2015

Vender algo mais

Este texto escrevi em 29 de Maio de 2011, mas continua atual...





Estamos numa época de concorrência acirrada. Todo mundo produzindo e vendendo produtos e serviços parecidos. Época esta onde tudo parece que já foi inventado. Que não existe mais espaço para nada realmente novo. Talvez o novo nem exista mais.

É nesse contexto que buscar o diferencial passa a ser algo complexo. Focar no produto passa a ser uma visão limitada e uma possibilidade de esforço perdido. Devemos focar no Cliente, no ser. Lembrando que tudo que produzimos é para o uso dos seres humanos. Sendo assim devemos focar em suas necessidades complexas.

Estamos vivendo um momento Pós-Protocólo de Kyoto (pesquisar: http://www.brasilescola.com/geografia/protocolo-kyoto.htm e também: http://www.eps.ufsc.br/disserta98/bello/cap2.html ) onde previsões apocalípticas trouxeram preocupações jamais vivenciadas. Tais preocupações que se tornaram necessidades que a mídia e o comércio trataram de explorar. Hoje ouvimos falar bastante de sustentabilidade social, econômica e ambiental. 

Aí devemos nos perguntar:
“Meu produto/serviço é sustentável em todos os processos de sua produção e venda?”
“Eu uso esta preocupação com a sustentabilidade em minhas campanhas de marketing corretamente?”

Não vou aprofundar o assunto nesta questão de sustentabilidade por acreditar não ser necessário, partindo do princípio de que isso virou algo banal, de domínio geral. Caso não seja do seu conhecimento recomendo correr atrás do prejuízo e pesquisar o quanto antes.

Outra questão que pode ser um diferencial é parar de vender apenas o produto/serviço e passar a vender como é feito esse produto serviço. O caminho passa a ser mais importante do que o destino. Uma abordagem mais humana onde você vende seu tempo, sua atenção ao invés de apenas um produto passa a ser primordial. Faça o Cliente ser o centro do universo por alguns minutos, horas ou dias. Trabalhe a psicologia na venda. Conduza o Cliente até a solução ao invés de dar a solução e o custo de forma exageradamente objetiva. Sinta quando o Cliente requer objetividade sem atropelar todo o processo. Invista no discurso por trás da obra. Treine sua capacidade de comunicação. Não use técnicas de vendas manjadas de cartilhas ultrapassadas. Valorize e trabalhe a inteligência do Cliente. Envolva toda a família se possível ou pelo menos os presentes na reunião na elaboração das soluções.

Mais uma questão que deve ser explorada que da continuidade a anterior é o que chamamos de “vender uma experiência”. Nesse caso fazemos todo o processo que envolve a venda se tornar algo marcante na vida do Cliente. Um acontecimento! Para ilustrar podemos pegar os Feirão da Casa Própria da Caixa onde os vendedores fazem uma verdadeira festa e tocam sinos quando uma casa é vendida. Sinta prazer em vender e transmita isso ao Cliente para que ele sinta prazer em comprar.

“Vender um sonho” também é importante, pois este produto/serviço que o Cliente busca pode ser apenas uma necessidade básica, mas um bom vendedor é capaz de transformar essa necessidade em sonho quando surpreende o Cliente indo além do que ele esperava. Brinque com a imaginação do Cliente. Faça ele já se sentir dono do produto. Deixe-o ver, tocar, cheirar, sentir o produto. Para vender sonhos você precisa ser um sonhador. Aprenda a sonhar pra depois ensinar. Um exemplo do que estou falando é o vendedor de carros que oferece um teste-drive e demonstra o quanto aquele carro é capaz de melhorar a vida de quem comprá-lo. Mostre os benefícios por trás dos benefícios.

“Faça o Cliente se sentir rico!” Toda a abordagem deve ser conduzida seguindo essa premissa. Paparique o Cliente dentro de um limite que não fique forçado, que seja natural. Comente as conseqüências positivas (status) perante a sociedade que o Cliente vai ter ao adquirir seu produto com a cautela necessária. Mas recomendo estabelecer o perfil do cliente e explorar quais dos sete pecados capitais vão funcionar melhor favorecendo a venda do produto. Gula, avareza, cobiça, vaidade, preguiça, ganância e luxúria fazem parte da personalidade de todo ser humano mesmo que em pitadas suaves. Explore estas fraquezas com sabedoria, mas obviamente sem exageros ou conotação negativa.

“Vender soluções!” Costumo dizer que um bom vendedor é aquele que vende o que o Cliente realmente precisa, e não o que ele quer porquê acha que precisa. Seja um vendedor consultor. Aquele que orienta o Cliente na melhor compra. De sua opinião e explique o porque. Conheça seu produto e sua utilização de cabo-a-rabo. Fale a verdade sobre o produto mesmo que isso represente perder a venda, pois hoje em dia a satisfação do cliente é mais lucrativa do que a própria venda. Saiba a hora certa de ser flexível ou intransigente. Se você sabe que a compra de determinado produto vai trazer a necessidade da compra de outro, avise e se puder ofereça. Não espere ele mesmo descobrir e ter que voltar novamente à sua loja ou te chamar novamente a casa dele. Faça isso mesmo que este produto não faça parte da sua alçada. Tenha sempre bons contatos para repassar ao cliente prevendo suas necessidades. De o máximo de informação técnica sobre o produto/serviço possível. Conte também a história do seu produto no mercado, sua origem e sua trajetória. Faça isso também com a história de sua empresa.

“Não venda preço. Venda qualidade!” E vender qualidade requer tempo. Nunca tenha pressa de concretizar uma venda, mas por outro lado, nunca prolongue o processo além do necessário. Não existe nada pior do que vendedor que não para de falar mesmo após o Cliente dar sinal de que quer fechar negócio. Fique atento aos sinais e feche assim que possível. Vender preço te coloca em posição desfavorável onde a qualquer momento você vai ser explorado, diminuído e perturbado pelo péssimo perfil de cliente que se atrai apenas por esse quesito. Foque na qualidade mesmo que isso represente perder algumas vendas. Lembre-se que se você perdeu um Cliente pode ser porquê ele nunca foi seu. Não da pra ganhar todas. Perder vendas por questão de preço não prejudica a imagem da empresa, mas por questão de qualidade é vergonhoso.

“Tenha um código de conduta.” Quebrar algumas regrinhas básicas é comum e humanamente aceitável, mas existem regras de mercado que devem ser respeitadas. Lembre-se que o Cliente está cada vez mais informado e exigente. Hoje em dia não dá mais para enganar muita gente por muito tempo. O Cliente sabe dos seus direitos e como cobrá-los. Outra armadilha é o Cliente safado que pede pra você dar um jeitinho, esse é o pior tipo, pois suga o que ele quer de você e depois sai desvalorizando seu profissionalismo e até o seu caráter. Como se quem pede não seja tão canalha quanto quem faz. Evite cortesia com chapéu alheio, pois o cliente pode até ficar contente, mas ele nunca vai te respeitar como profissional. Só faça cortesias que a empresa permitir caso você seja funcionário e que o seu lucro permitir caso você seja o patrão. Seguir regras impõe moral e agrega valor. Perca a venda, mas não perca a linha. Fuja de Cliente Leiloeiro. Esse tipo de gente não acrescenta em nada, só leva o lucro da empresa embora.



Autodidata apaixonado por marcenaria, design, arquitetura, arte, filosofia...

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quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

O designer Sérgio Gomes fala sobre Design Emocional



Estava bisbilhotando esse vídeo do meu amigo, o designer Sérgio Gomes, e me interessei por esse tal de design emocional citado por ele na entrevista, daí fiz uma provocação pedindo a ele para falar mais sobre isso:

"Vamos la, aprendi com o mestre, "chara" Rodrigues.
Para mim, o cara do vídeo (ele mesmo) toca num assunto interessante hehe, por que ser diferente hoje em dia é fácil, difícil é ser melhor. Num mundo de alta tecnologia, muita informação. toda criação tem a sua taxa de PROBLEMA, que vira SOLUÇÃO, tem também o PROGRAMA DE NECESSIDADE, tem o CONCEITO, que muito se fala mas na verdade confundem o CONCEITO com ESTILO.


Cada criação, por mais simples que seja ela precisa ter alma, se tiver emoção, o produto toca as pessoas, TUDO TEM UM PORQUE. Uma vez li em uma matéria a seguinte frase do majestoso Sérgio Rodrigues, ele dizia o seguinte - "Quando você trata a madeira com carinho, você perpetua a alma da floresta no móvel"

Eu achei aquilo lindo, na época eu tinha um preconceito com o "Banco Sônia" criação do mesmo, achava muito simples pra tanta importância, e foi ai que entendi a parte emocional da peça e mudou totalmente a minha posição. No caso da minha poltrona, sinceramente não acredito que ela seja espetacular, mas quando abro a boca e a apresento, vejo atitudes do tipo - uau, me arrepiei! 

QUANDO VOCÊ EXPLORA O EMOCIONAL, QUANDO A PEÇA GANHA UMA IMPORTÂNCIA ALEM DA ESTÉTICA E DO STATUS, ai sim o designer acertou!

MON Chaise, não foi desenhada por mim, pra sair em larga escala de produção, é de fato uma homenagem, cada traço dela tem uma história, é isso! é sentir o momento, é estar atento ao comportamento humano, explorar desejos, sonhos!" (Sérgio Gomes)




Sérgio Gomes - Designer de Interiores - Formado pela Unicesumar - Maringá-PR.
Sócio Proprietário do escritório Troop Design Juntamente com 
Nicole Delefrati - Designer de Interiores - Formada pela Unicesumar no ano de 2014

Página Profissional da Dupla:

Autor da Postagem: +Luiz Mariano 

Grupo do Facebook: Marcenaria BRASIL

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Briefing na Marcenaria:

PARTE I

A pedido do Luiz Mariano vou tentar descrever o processo relativo à busca e ao entendimento sobre o que o cliente deseja, na visão da marcenaria.
Primeiramente, já afirmo que não consigo ver o “briefing” (na exata concepção da palavra) como uma ferramenta de marcenaria. Vejo sim, no lugar deste, algo semelhante ao programa de necessidades – que é bem diferente.

O briefing é uma ferramenta bastante complexa que não tem um momento para começar e, tampouco, para terminar. É um processo em andamento, evolução e adaptação constantes. Não é algo que se faz em uma ou duas reuniões com o cliente.
Para esta minha abordagem devo, antes de tudo, fazer uma distinção entre o Design de Produtos e a Marcenaria (por serem os mais próximos).

Quando o designer é chamado para criar um novo produto a sua análise (briefing) sobre o problema em busca das possíveis soluções, vão muito além do “querer” de um determinado cliente. Esta análise passa, entre outros pontos, pela análise de mercado, pesquisa de materiais, capacidade de produção (seriação) e distribuição, concorrência, diferenciação, prototipagem, avaliação, ajustes, etc. Processos que não acontecem na Marcenaria.

Já sei, alguns já estão pensando: então os designers de interiores também não utilizam o briefing!
ERRADO!

Utilizam sim e muito, apesar desta ferramenta ser ensinada de forma errada na academia quando colocam o programa de necessidades como se fosse o brieffing. A diferença entre o trabalho sobre um determinado espaço feito pelo Design de Interiores daquele desenvolvido pela Marcenaria é bem diferente. Enquanto o Design de Interiores se preocupa com diversas variáveis que comporão o espaço no total (mobiliário sob medida e pronto, uso e usuários, acessibilidade e ergonomia plenas, luz, texturas, conforto ambiental, “stimmung”, problemas, estética, etc), a Marcenaria lida com aspectos específicos de mobiliários sob medida para solucionar determinado problema.

O mais correto, no meu ponto de vista, é a Marcenaria adotar a abordagem mais próxima do programa de necessidades (lembrando que este é apenas uma etapa do briefing). Explico:
Digamos que você, marceneiro(a), foi chamado por um cliente para fazer o closet. O primeiro ponto a levantar é o espaço disponível. Aí pode-se conversar com o cliente enquanto analisa este espaço em busca de informações estético-funcionais. Porém, o problema maior não é este e sim “o que e quanto” terei que acomodar nos armários. Pense num casal de advogados, como exemplo. Ele tem diversos ternos, sapatos, camisas, gravatas, outras roupas, cabans e sobretudos, etc. ela tem diversos tailleurs (terninhos), incontáveis sapatos (4 pares de botas cano alto-duro)e bolsas, jóias e bijoux, vestidos longos, saias, outras roupas, etc. Aliado a isso, vale lembrar que os closets sempre acabam servindo também para guardar outras coisas, como por exemplo, enxoval.

E aí, quanto espaço cada um deve ter para acomodar tranquilamente suas coisas? Quanto espaço deve ser destinado para o enxoval? Você sabe quanto espaço (volume) essas coisas todas ocupam? Você tem ideia de quanto espaço 5 jogos de cama king, completos, ocupam quando guardados? UM edredom queen ao menos?

Não entendeu ainda? Passemos então para a cozinha da vovó...

Estes são sempre os ambientes mais complexos para dimensionar. E para isso devemos saber exatamente TUDO o que será guardado ou exposto além, é claro, do que está por ser comprado ainda. Pegando um apartamento atual (raros dispõem de despensa), qual o volume necessário para guardar todos os talheres e utensílios, as panelas, vasilhas, travessas, baixelas e caçarolas, os jarros, copos, taças, xícaras, os aparelhos de jantar, chá e café, os potes plásticos, os mantimentos e temperos, os equipamentos como forno, fogão, micro-ondas, geladeira e exaustor/coifa, utilitários como batedeira, liquidificador, triturador, centrífuga e cafeteira entre tantos outros objetos e “coisas” que temos dentro de uma cozinha?

Qual o volume de um aparelho de jantar completo para 12 pessoas (incluindo os talheres, copos e taças) para que sejam guardados sem o risco de danos às peças (por empilhamento) ou acidentes pessoais por lotação de compartimento dos armários?

Aliado a esta análise, entra todo o conhecimento de vocês, marceneiros(as), sobre o material mais adequado às necessidades físicas do móvel e do modo e processo de montagem dos mesmos. O encaixe tipo escama para uma cabeceira de cama pode não ser a melhor opção pois a mesma pode deslocar-se bem como, existem diversos tipos de dobradiças, algumas bem específicas e também os pistões que não devem ser utilizados apenas porque estão na moda.

Assim, fica claro que o uso do termo briefing aplicado à Marcenaria é equivocado.

Espero, através de exemplos, ter contribuído um pouco com este debate.









Paulo Oliveira é lighting designer e designer de ambientes, especialista em Educação Superior e em Iluminação. 
Autor do blog Design: 
Ações e Críticas (www.paulooliveira.wordpress.com), 
co-fundador do Portal DesignBR (www.designbr.ning.com), colunista fixo da Revista Lume Arquitetura (www.lumearquitetura.com.br), docente e palestrante.







Este texto foi uma contra-reposta ao meu vídeo que fiz na total gozação, como sempre, sobre briefing na marcenaria. (Que retirei temporariamente do Youtube!)


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