sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Design & Arquitetura é coisa de rico?




Para muitos levar o design e a arquitetura à periferia é uma ideia utópica. Ninguém quer se esforçar e investir em estudos durante 2, 4, 5 ou mais anos para servir aos pobres. E isto se deve mais por uma questão de status do que visão empreendedora que optou por um nicho de mercado mais lucrativo.

Muito se fala que a periferia, a nova classe média, não precisa, não valoriza ou não possui capital para consumir o tal do design e a tal da arquitetura. Mas o que vemos é um desinteresse recíproco entre os profissionais da área, associações e conselhos de classe e os próprios emergentes que ainda não possuem cultura de consumo desenvolvido neste âmbito. Aliás, a nova classe média consome o design e a arquitetura maciçamente sem saber do que se trata. Fatalmente quem acaba proporcionando este contato são as micro-empresas sem estrutura e profissionais que não possuem formação na área. Esses se valem apenas do seu conhecimento prático e da cópia indiscriminada das fórmulas mágicas (cartilhas ultrapassadas da indústria adaptadas à produção em pequena escala).

Veja bem que eu não critico estas pessoas e empresas, pois alguém precisa atender esta forte demanda. Só lamento que seja inexistente um estudo reflexivo adequado visando criar produtos e serviços dedicados a este nicho. Mas admito que isso levanta várias questões como: Devemos criar produtos e serviços específicos ou adaptar os já existentes? A nova classe média estaria interessada em tais produtos e serviços ou preferem copiar a cultura de consumo da classe alta abrindo mão da qualidade pelo custo acessível?

O filósofo socialista italiano Antônio Gramsci (1891-1937) defendeu que uma verdadeira revolução social só seria possível quando os intelectuais nascentes organicamente em meio ao proletariado passassem a realmente representar e defender sua classe ao invés de migrar e absorver os valores das classes mais altas conforme tem ocorrido ao longo dos séculos. Situação essa que enfraquece, desorganiza, pacifica a classe e até desqualifica as eventuais rebeliões que não conseguem modificar essa posição de dependência.

Somado a isso podemos citar a teoria marxista que levanta a questão dos meios de produção (o trabalho) serem a força motriz que impulsiona as revoluções modificando a forma como a sociedade se relaciona, e não puramente e simplesmente os interesses políticos e econômicos como outrora fora idealizado, pois todos estes fatores são gerados a partir da evolução dos meios de produção x trabalho.

Juntando estas duas visões socialistas podemos concluir que se os designers e arquitetos (como também as demais profissões) provenientes das classes mais baixas passassem a atuar efetivamente em seu meio, eis que uma enorme revolução seria instaurada. A classe alta deixaria de ser a única estrelinha a brilhar e a ditar as regras na sociedade.

Nem vou entrar no mérito da possível lucratividade deste crescente e já enorme nicho de mercado, pois em primeiro momento devemos quebrar o preconceito do pobre contra sua própria classe de origem para só depois mostrar o potencial que está sendo desperdiçado.

Por enquanto o design e a arquitetura é coisa de rico para rico e os pobres passam suas vidas inteiras tentando adentrar este meio, mas a meu ver passou da hora de mudar este jogo e eu como representante da periferia, marceneiro e designer autodidata, futuro estudante de arquitetura, faço questão de engrossar este caldo.

Chega de disputar a carniça com os abutres!!!

Percebam que não estou de forma alguma inventando tal revolução e inversão de valores, apenas estou tomando consciência do fenômeno já ocorrente e aceitando de bom grado as condicionantes buscando assim assumir meu papel perante a sociedade. Trata-se de uma aceitação e reação aos fatos.


Quem leva o design à periferia são as pequenas marcenarias artesanais. Fato!




Atualização: 21/01/2018

Fonte do embasamento teórico:






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